Acompanho diariamente os posts no LinkedIn e tenho visto, nos últimos meses, um aumento de pessoas recolocando-se e/ou mudando de emprego. Acredito que, para alguns, a recuperação do mercado esteja acontecendo, enquanto que, para outros, a tão sonhada hora ainda não chegou. Para você do segundo grupo, fique firme e siga em frente.

É sobre este período desempregada, que também já vivi que gostaria de compartilhar aqui com vocês. Para quem não conhece a minha jornada, sou bióloga e desde muito nova quis seguir esta área profissional. O plano era atuar como bióloga ou trabalhar na NASA. Não pensava ou planejava outro caminho.

O tempo passou, fiz colégio técnico em Bioquímica e logo depois comecei a minha graduação em Ciências Biológicas. Considero-me uma pessoa sortuda na carreira, devido as excelentes oportunidades que apareceram muito cedo. Com apenas 19 anos, cursando o segundo ano da graduação, conquistei uma vaga para ser colaboradora de umas das maiores empresas de Biotecnologia do país. Trabalhar naquela empresa era o sonho de muitos biólogos e atingir este objetivo era algo inimaginável no início da carreira. De fato foi algo marcante em minha vida, principalmente pelo modo especial que foi o meu ingresso na empresa. Situação que compartilharei com vocês em outro momento. Prometo!

Os anos se passaram. O trabalho, considerado por mim o dos meus sonhos, se tornou ainda mais fabuloso com a venda da empresa para uma gigante do setor do agronegócio. Em meias palavras, uma nova e grandiosa oportunidade estava se desenhando em minha frente. Contabilizando os anos de experiência naquele local – com atuações em diversas áreas dentro da empresa – completei a marca de 11 anos de corporação e de envolvimento com o agronegócio.

Porém, em um belo e ensolarado dia de 2015, de forma inesperada, a empresa decidiu que o segmento não era mais estrategicamente viável e acabou encerrando as atividades. Eu estava no auge da minha carreira e vi meu castelo dos sonhos ruir sem eu ter a chance de segurar os alicerces ali criados.

O dia do desligamento coletivo foi uma mistura de sentimentos. Obviamente que foi uma surpresa para a maioria dos colaboradores. Todos estavam tristes, pois, assim como eu, eles também amavam aquele trabalho e não esperavam que isso pudesse acontecer. Particularmente, eu tinha uma esperança que, em meio a tudo aquilo, eu ainda seria transferida para outra área ou cidade. Mas, isso não aconteceu.

Antes de sair do prédio – com a minha caixa de papelão nas mãos, com umas folhas de papel, com meus vasinhos de flores e um mimo que meu pai tinha me dado quando me formei – falei para alguns amigos: “Gente, sabe aquela oportunidade de fazer algo que sempre sonhamos e que não teríamos a coragem de fazer, pois estávamos em uma grande empresa e nunca abriríamos mão de tudo tão facilmente? Então… chegou a hora de irmos atrás deste sonho!” Algumas pessoas me olharam e falaram…”acho que não é bem assim, Marina”.

Pois bem, passado os primeiros dias, depois do choque de acordar e não ter para onde ir; busquei refletir um pouco mais sobre a minha fala diante de meus amigos e me senti da seguinte forma: sabe quando você é um pássaro e está feliz há anos em uma gaiola. De repente a portinha se abre e você se vê com toda a liberdade do mundo. Então você pensa: nossa que legal hein? Agora posso ir para onde quiser! É ai que a dúvida chega: mas afinal para que lado?

Não sei se você já se sentiu assim também, mas esse era claramente o meu sentimento perante a mais nova experiência da minha vida. Naquele mesmo final de semana fiquei horas fazendo meu currículo, aprendendo a mexer no LinkedIn – quando fui contratada há 11 anos atrás não tinha nada dessas “coisas tecnológicas e redes sociais”. Nem dormia direito, só pensava em lembrar de tudo o que tinha feito em minha vida profissional para colocar em meu CV.

Estabeleci uma nova rotina, na qual o meu trabalho era arrumar um novo emprego. Passei a acordar todos os dias às 06h00 e trabalhava até às 18h00 nessa empreitada. Assim foi indo…e é este momento que dá “vida” a este artigo.

Fique desempregada por algumas semanas – exatamente 6 semanas, pois consegui uma oportunidade muito legal para a minha nova carreira. Era uma grande chance de desenvolvimento profissional e pessoal. Era uma nova fase ao lado de pessoas que me acolheram muito bem. Mas, durante as semanas anteriores ao novo trabalho, tive a chance de viver experiências que me marcaram…

Foram amigos distantes que se propuseram a me ajudar, conhecidos que relataram terem passado pela mesma situação e que tais experiências tinham sido o ponto de virada em suas carreiras, alguns chegaram a se tornar grandes empresários. Um professor e excelente vendedor – este, que inclusive, fez mais de 40 indicações personalizadas por e-mails para seus contatos, estrategicamente escolhidos por mim em seu perfil no LinkedIn, familiares que contataram referências em suas cidades e, ainda, pessoas desconhecidas que eu encontrava na fila do Poupa Tempo – durante a solicitação do salário desemprego – que me davam alguma dica de empresa para fazer o cadastro de currículo.

O que aprendi com isso tudo e que foi o mais valioso é o que vou descrever agora:

1) Sim, existe muita gente incrível que está disposta a te ajudar, apenas peça e aceite a ajuda.

2) As ferramentas online são realmente muito poderosas e seus contatos pessoais também.

3) Você irá se recolocar no mercado, pode acreditar! Em algum momento isso vai acontecer e enquanto isso se permita abrir novas frentes, desenvolver outras atividades e, inclusive, se preciso aceitar salários mais baixos na busca pelo seu crescimento e desenvolvimento profissional e pessoal. Não se feche!

4) Que a partir de agora você seja mais protagonista da sua carreira e desfrute do aprendizado que a vida lhe deu. Você é capaz de fazer a autoavaliação e saber onde você se encaixa no mercado atual de acordo com seu perfil, habilidades, valores e sonhos.

5) Que você use este tempo para refletir profundamente sobre a sua jornada, reforçar seus talentos e descobrir novos. E não se esqueça de trabalhar o lado pessoal, que é fundamental para manter a calma e angariar novas oportunidades.

Por último, a sexta e fundamental dica: que você saiba que nada acontece por acaso em sua jornada. Tudo tem uma grande razão e que esta, mesmo sendo dolorida, pode se tornar uma experiência muito positiva se você estiver com o coração aberto e sem medo de novos desafios. Só você e sua dedicação poderão abrir novos e incríveis caminhos para sua vida.

Espero que meu depoimento seja útil e te ajude de alguma forma nesse início de 2018.

Minha dica é “Pratique o inédito”, dedique-se e boa sorte.

E se puder te ajudar com algo, conte comigo.

Grande abraço,